terça-feira, 19 de maio de 2015

O POVO DO ORIENTE: CIGANOS NA UMBANDA

   
 Muito se ouve falar que a Linha de Cigano faz parte da Linha de Exú, que os Ciganos são entidades ainda em evolução tentando ingressar na Linha de Exú, que Pombo Gira Cigana ou Ciganinha foram as únicas Entidades Ciganas que evoluíram e ingressaram na Linha de Exú.

     Essa falta de entendimento, que é na realidade uma simples dedução, faz com que muitos terreiros não deixem os médiuns trabalharem com essa linha. Chegam a dizer que são entidades sem luz.


Como é a Linha de Ciganos?


     Os Ciganos são Entidades "livres". Não se faz "Firmezas" ou "Assentamentos" para Ciganos dentro da "Casa de Exú" ou em qualquer lugar do terreiro.

     Cigano trabalha em todos os "lugares", são livres e precisam dessa liberdade para sua evolução.

     Não estou dizendo que não possa ter elementos de Ciganos dentro do Terreiro, até porque muitos médiuns precisam de um ponto de fixação para poder entrar em sintonia com seus guias.

     Os Ciganos não trabalham a serviço de um Orixá específico, por isso não são guardiões de um terreiro. Essa linha trabalha em paralelo e conjugada com as demais linhas, onde o seu compromisso primeiro é com a caridade e não com nenhuma outra linha específica.

     Os Ciganos são protetores e não guardiões. Podem trabalhar dentro da linha de Exú, porém sem função de chefia e de guarda. Já os Exús Ciganos e Pombo Giras Ciganas são Exús e Pombo Giras como outros quaisquer, exercendo todas as funções que qualquer Exú e Pombo Gira exercem. Em resumo: Cigano é uma coisa, Exú Cigano é outra. Eles têm funções diferentes, embora a mesma origem cigana.

     Os Ciganos se manifestam nos terreiros de Umbanda, justamente por “Ela” ser uma religião aberta e dar liberdade para qualquer linha de trabalho que venha fazer Caridade.

     Por serem muito alegres, os médiuns começam se fascinar por essas entidades, e ter excesso de culto por essa Linha. Aí começaram as vaidades, as roupas enfeitadas, bebidas, fumos, danças, firmezas, assentamentos, jogos em casa ou até mesmo no terreiro, e assim, infelizmente, muitos espíritos que ainda estavam em "desenvolvimento" para ingressar nessa Linha se perderam junto com os médiuns, e hoje podemos ver os absurdos que são feitos usando o nome de entidades de luz.

     Os Ciganos trabalham com os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo.

O Elemento Terra:

     Eles distinguem cada pedra e têm o conhecimento sobre elas, e assim manipulam o elemento terra.

     Cada pedra tem um porque de ser usada e uma necessidade. Quando é pedido para que passem a pedra em alguma parte do seu corpo ou para que a segurem, vocês estão se descarregando ou até mesmo se energizando, depende do trabalho que está sendo realizado. 

     É na terra que se encontra firmeza para enfrentar a vida, resgatar karma e continuar o caminhar.

O Elemento Água:

     Podem utilizar copos ou taças com água. Através da água conseguem ver se não há maldade no que esta sendo pedido. Enxergam se há pureza no coração de cada um, pois a água serve de espelho, espelho esse que reflete o que tem dentro de cada um de vocês.

     Conseguem ver com clareza o que foi feito por cada um e o porquê de estarem colhendo o que não querem colher.

Os Elementos Ar e Fogo:

     Podem utilizar o cigarro e com ele estar manipulando dois elementos, o ar e o fogo. O fogo muitas vezes é usado para queimar invejas, miasmas, larvas e cascões astrais.

     A fumaça quando é direcionada ao consulente serve para envolvê-lo numa cortina para que naquele momento os obsessores sejam confundidos e tenham a visão obnubilada e fiquem desorientados, procurando o consulente. Assim torna-se mais fácil ao sistema de defesa da Casa (através dos guardiões) resgatá-los e afastá-los.

     Nem sempre esses elementos são usados de uma só vez, e quero deixar bem claro que não precisamos diretamente dos mesmos, podemos plasmá-los perfeitamente usando o ectoplasma do médium.

     Para um Cigano poder trabalhar em prol da caridade não é necessário um baralho, uma taça de vinho, ou qualquer outro elemento. Isso é mito. Eles podem usar e usam elementos da natureza em alguns trabalhos, entretanto, quando estão incorporados nos médiuns, a energia de trabalho e o próprio corpo do médium limitam a visão e o campo de ação da entidade.

Como são e como trabalham

     Os Ciganos se manifestam na Umbanda como uma Linha voltada bastante para a magia visando a prosperidade, a união familiar, o amor, a cura e a superação de preconceitos e de bloqueios emocionais.

     Os Espíritos Ciganos são também, uma linha de trabalhos espirituais que busca seu espaço próprio, pela força que demonstram em termos de caridade e serviços a humanidade. Seus préstimos são valiosas contribuições no campo do bem-estar pessoal e social, saúde, equilíbrio físico, mental e espiritual, e tem seu alicerce em entidades conhecidas popularmente com "encantadas".

     São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro dos rituais da Umbanda. Erroneamente no começo eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exús, tal confusão se dava por algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas, Cigana do Cruzeiro ou nomes semelhantes a esses utilizados por Exús e Pombas-Gira. 

    Ciganos na Umbanda são espíritos desencarnados homens e mulheres que pertenceram ao povo cigano. Os ciganos em geral têm seus rituais específicos e cultuam muito a natureza, os astros e ancestrais. 

     Dentro da Umbanda, trabalham para o progresso financeiro e para as causas amorosas. Cheios de simpatias espirituais, os ciganos trabalham para a cura de doenças espirituais.

     Os ciganos, dentro da ritualística umbandista, falam a língua "portunhol", alguns poucos, falam o romanês, língua original dos ciganos.

     As incorporações acontecem geralmente em linha própria, mas nada impede que eles possam a vir trabalhar na linha de Exú.

     Hoje, o culto está mais difundido, se sabe e se conhece mais coisas sobre essas entidades, chegando algumas casas a terem um ou mais dias específicos para o culto aos espíritos ciganos.

     Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual, como dissemos; se apresentam também em rituais do tipo mesa branca, Kardecistas e em outros rituais específicos de culto à natureza e todos os seus elementos, por terem herdado de seu povo, o cigano, o amor incondicional à proteção da natureza.

     Na Umbanda passaram a se identificar com os toques dos atabaques, com os pontos cantados em sua homenagem e com algumas das oferendas que são entregues às outras entidades cultuadas pela Umbanda. Encontraram lá, na Umbanda, uma maneira mais rápida de se adaptarem a cultos e é por isso que hoje é onde mais se identificam e se apresentam.

     São entidades oriundas de um povo muito rico de histórias e lendas, foram na maioria andarilhos que viveram nos séculos XIII, XIV, XV e XVI. Tem na sua origem o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o desapego às coisas materiais.

     Dentro da Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. 


   São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças com vinho ou com água, doces finos e frutas solares. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro sagrados elementos da natureza e se utilizam exclusivamente de magia branca natural, como banhos e chás elaborados exclusivamente com ervas.

     Diferentemente do que pensamos e aprendemos, raramente são incorporadas, preferindo trabalhar encostadas e são entidades que devem ser cultuadas na direita, pois quando há necessidade de realizarem qualquer trabalho na esquerda, são elas que se incumbem de comandar as entidades ciganas que trabalham para este fim, por isso, não precisam de assentamentos. Por isso tudo fica evidenciado que são entidades que trabalham exclusivamente para o bem.

     Santa Sarah Kali é sua orientadora para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual (PADROEIRA DO POVO CIGANO) e não como patrona ou imagem de algum sincretismo.

     “É preciso que tudo na vida esteja bem equilibrado, e o equilíbrio, para nós que praticamos, tem um nome que se chama Umbanda. 
     Umbanda é a paz interior, é fazer caridade ao desconhecido, é o amor pela vida e pelo o próximo. 
     Umbanda é luz, vida e amor”.
Saravá o Povo do Oriente!
Salve os Ciganos!
Arribabô, Arriba!
Saravá a Umbanda!
Axé...
Fonte: Acervo Pessoal, Internet

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