Por Maikon Oliveira
Texto publicado originalmente no Jornal de Umbanda Sagrada
Da última vez que tive tal oportunidade foi quando estava incorporado com meu Preto-Velho, e ele começou a contar à corrente, provavelmente acessando a memória comum de seu arquétipo, sobre como teria aprendido suas mirongas, e de que forma alcançou o seu grau dentro da Umbanda.
“- Fios, você sabe como que o Preto fez pra começar a trabalhar dentro dessa corrente linda da Umbanda?
Qual foi os caminho que o Preto percorreu?
O Preto tinha um família grande dentro da senzala, tinha vários irmãos que moravam junto e logo o Preto começou a aprender as mironga das senzala, a aprender como que fazia pra a curar os filhinhos e ajudar na dor das crianças.
Aqui nessas terra era tudo diferente e ficava mais difícil os trabalhos dos curandeiros. As plantas que os irmãos conhecia não era igual lá na Mãe África, e os negros tiveram que aprender tudo de novo com os Índio.
Só que os irmão com quem Preto aprendia as coisas foi diminuindo, porque as doenças foram aumentando, e os Pretos já não conseguiam mais achar todas ervas de cura na mata de nosso Pai Oxóssi.
Só não diminuía a fé do Preto em Oxalá, que continuava fazendo as rezas e os trabalhos dele. Preto ia todo dia até o leito dos rios e pedia pra que as lágrimas de Oxum lavasse as feridas dos irmãos e oferendava pai Omolu e Obaluayê, pedindo pra afastar as doenças. Também pedia proteção a Exu, para que desse forças e cuidasse dos caminhos.
Mas chegou o dia que o Preto também ficou doente, e já não conseguia mais sair pra buscar material de cura, então preto cantava e rezava. Já não ouvia mais a voz dos irmão acompanhando o canto, mas não se lamentava, não tinha tempo pra isso, ele sabia que tinha que ajudar quem precisava e sofria muito.
E depois de um tempo, Preto não conseguia mais falar nem cantar, porque as ferida doíam muito e já não tinha mais forças. Aí não conseguia acender vela, não conseguia dançar, nem incorporar as forças dos Orixás. Preto fazia as mirongas só com a força da reza no coração, tava sozinho nas reza, porque a maioria já tinha se ido, mas ele sabia que não podia desistir, só sabia rezar e pedir a ajuda dos Sagrados Orixás para que derramassem as bençãos entre os irmãos.
E assim, sem hesitar nem desistir da sua missão aqui na Terra, um dia Preto ouviu novamente as vozes de seus irmãos se juntando à dele.
Preto já não tinha mais dor, nem ferida, nem corrente. Preto se viu livre, pra continuar sua missão de ajudar aos filhos, agora mais perto dos Orixás."
Saravá a sabedoria dos Pretos-Velhos!
Saravá os Pretos-Velhos!
Cacurucaia!
Cacurucaia!
Adorei as Almas!
Saravá a Umbanda!
Axé...
Fonte: Jornal de Umbanda Sagrada, Ed. 167, Abril 2014.
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