terça-feira, 7 de março de 2017

SIMPLESMENTE EXU!

Por Cristian Siqueira

     A ação repressiva dos cristãos europeus sobre os negros africanos forjou o sincretismo entre Orixás e Santos e, consequentemente, Exu e o diabo cristão na sua forma mais primitiva, teologicamente.

     Na verdade, Exu é o Executor Divino, punindo aqueles que descumprem as ordens do alto, recompensando aqueles que fazem o que é correto. Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação entre Olorun e Orunmila ou então servindo aos Orixás; ele é a ponte entre o órun (céu) e o ayê (terra).

     Segundo a Teologia Yoruba, nenhum ser divino pode punir um Ara Aiyê (ser da terra), diretamente, sem a consulta a Olodumaré.
     Diversos Itan Ifá nos dão conta que Exu também é encarregado por Olorun (Deus) para vigiar os Orixás no Aiyê. Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no seu papel de Executor Divino. É por isso que todos os devotos de todos os Orixás recorrem a Exu, por recomendação de Ifá, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua intermediação com Olodumaré.

     Exu não é vingativo e nada executa por sua própria conta, apenas cumpre fielmente as ordens de Olorun, conforme os ditames do Iwa contido no Ori individual, destino escolhido por decisão de cada Ori no Ipori Orun – lugar em que o ser humano é preparado.
 
     É necessário, o mais depressa possível, esquecer as visões sumamente dogmáticas dentro das religiões de matriz africanas, pois não se pode viver com o paradigma de bem e mal, inexistente nessas religiões.

     Em síntese, transmutar, teologicamente, a pedra primordial em pedra angular sobre a qual se sustenta a cosmologia tradicional Yoruba.
Exu possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos etc...

     O Orixá Exu é o único dentre todos os demais que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo, por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente.

     Exu é um só, embora possa manifestar-se de diversas e diferentes formas, sempre de acordo com a função que esteja exercendo, o papel que esteja desempenhando.

     Deus dos desvalidos, arruaceiro, saltimbanco e mágico por excelência, assim é Exu, que só é coerente com sua própria incoerência e cuja fúria se aplaca com facilidade, mas que não conhece o perdão nem a piedade.

     Exu pode fazer as coisas mais incríveis e este seu atributo se exprime em trechos de seus orikís, conforme cita o grande Pierre Verger:

“Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro.

É numa peneira que ele transporta o azeite que compra no mercado; o azeite não escorre desta vasilha.

Ele matou um pássaro ontem com uma pedra que só hoje atirou.

Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar.

Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga.

Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro”.

Laroyê!!!





Salve a Lei e a Justiça Divina!
Salve todos os Orixás!
Laroyê Exu!
Salve a Umbanda!
Axé, Axé, Axé...



Fonte: http://circuitomt.com.br/editorias/artigos/104221-simplesmente-exu-ii.html




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