segunda-feira, 17 de agosto de 2015

16 DE AGOSTO - DIA DE SÃO ROQUE - OBALUAÊ

São Roque
Protetor contra pestes e epidemias
Dia 16 de agosto
Sincretismo: Obaluaê


“... Olho para direita e vejo: não há ninguém que cuide de mim. Não existe para mim um refúgio ninguém que se interesse pela minha vida, eu vos chamo Senhor, vós sois meu refúgio, sois meu quinhão na terra dos vivos. Atendei o meu clamor...” (Salmo 141, 5-7)

     Montpellier, na França, foi no ano de 1295, cenário e berço do nascimento de um de seus mais ilustres filhos; Roque! O nobre Fidalgo João e sua esposa Libéria, aguardavam com ansiedade a chegada dessa criança, era afinal, uma benção desejada.

     Roque foi levado a pia Batismal, já nos primeiros dias de vida; sua mãe Libéria, era mulher virtuosa, mulher de fé e piedosa, que via naquele frágil bebê, um sinal de amor de Deus.

     O pequeno Roque teve uma educação primorosa, estudou nos melhores colégios e herdou de sua mãe os mais vivos sentimentos de fé, e vida de oração.



     Quando completou vinte anos, foi duramente provado com a morte repentina de seus pais, vendo-se sozinho e com uma herança invejável, sentiu em seu coração um forte apelo ao despojamento. Dispos de todos os seus bens móveis em favor dos mais necessitados e os imóveis foram entregues aos cuidados de seu tio; Roque em condições de pobre peregrino, dirigiu-se a Roma.

     Quando Roque chegou a Aguapendente, na Toscana, um terrível epidemia (Peste Negra) se alastrava, e nosso jovem peregrino ofereceu-se prontamente para tratar dos doentes que lotavam as enfermarias dos hospitais.

     De Aguapendente seguiu para Caesena e Rimini, por toda parte onde chegava o jovem Roque, via-se desaparecer a terrível epidemia, como que a fugir do Santo.

     Foi em Roma que a caridade de Roque achou um novo campo de ação, dedicando-se durante 3 anos, ao tratamento dos pobres e abandonados doentes. Depois voltou aos lugares onde já tinha estado, e seu zêlo escolhia entre os mais doentes, mais abonados, sempre nutrindo o desejo ardente de poder oferecer a Deus o sacrifício da vida.

     Por vária vezes foi provado pela doença e em todas, o Senhor conservou-lhe a vida, no que todos reconheceram uma especial proteção Divina.

     Na Itália, Roque conheceu o carisma franciscano e fez votos na Ordem Terceira, como irmão penitente.

     Restabelecidas as forças, Roque seguiu para Piacenza, onde a Peste dizimava a população. Com uma abnegação, que lhe era peculiar, dedicou-se ao serviço de enfermeiro no hospital, sendo também atingido pelo terrível mal. Após um sono profundo, foi acometido duma febre violenta e atormentado por uma dor fortíssima na perna esquerda, causando-lhe uma terrivel chaga.

     Roque aceitou a doença, como uma Graça Divina, as dores chegaram, porém, a tal ponto que fizeram chorar e gritar continuamente.

     Em pouco tempo, Roque, viu-se abandonado e desprezado por todos, decidiu em seu coração, não se tornar um peso para ninguém. Com muito custo arrastou-se até um bosque e lá acomodou-se em uma cabana abandonada.

     Confiando no Senhor e entregando-se a sua Divina Providência, Roque experimentou o amor de Deus, que todos os dias enviava um cão para alimentá-lo, trazendo um pão tirado da mesa do Fidalgo Gottardo.

     Certa manhã Gottardo, observando as atitudes do cão, resolveu segui-lo e qual não foi sua surpresa ao encontra-lo na choupana em companhia de Roque. Assim todos descobriram o paradeiro do Santo.

     Gottardo ficou algum tempo em companhia de Roque e este, sentindo-se restabelecido de sua forças decidiu voltar para sua terra natal.

     A França, por aquele tempo, estava em guerra, e assim se explica que Roque, lá chegando fosse tomado por espião.

     O sofrimento e a dor tinham deixado marcas significativas em seu rosto, em seu corpo, que até o próprio Tio, que era o juiz da cidade, não o reconheceu e condenou-o à prisão.

     Toda essa humilhação, Roque aceitou sem protesto algum, e todas as injustiças sofridas, ofereceu por amor a Jesus e pela conversão dos pecadores.

     Por cinco anos permanceu encarcerado sem que ninguém o reconhecesse foi acometido por uma grave e terminal enfermidade, lá no cárcere recebeu os Santos Sacramentos.

     Confessou sua identidade ao Sacerdote, exalava de seu corpo um suave perfume de santidade que se espalhou por todo o presídio, Roque com seus 32 anos, entregou sua santa alma ao Senhor humilde e silenciosamente, era o ano de 1327.

(O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuido foi a cura do seu carceireiro, que se chamava Justino e era manco de uma perna. Ao tocar no corpo de Roque, para verificar se estaria morto realemente, sentindo algo estranho percebeu sua perna milagrosamente curada).

     Seu sepultamento, foi marcado por muitas honras e grandes milagres, agora reconhecido com nobre filho de Montpelier. Tempos mais tarde seus restos mortais foram transladados para Veneza, onde seus devotos lhe erigiram um belo templo.

     Assegura-se que por intercessão de São Roque, muitas cidades foram poupadas da peste, entre elas Constança, na ocasião em que dentro dos muros se lhe reunia o grande concílio, em 1414.

     Para alcançar a vida eterna é necessária a prática da virtude. Em São Roque temos o modelo de homem virtuoso de fato.

     Os Santos são setas que nos indicam o caminho que é Jesus, a verdade de Jesus e a vida que está em Jesus.

Oração a São Roque

     São Roque, que vos dedicastes com todo o amor aos doentes contagiados pela peste, embora também a tenhais contraído, daí-nos paciência no sofrimento e na dor.
     São Roque, protegei não só a mim, mas também aos meus irmãos e irmãs, livrando-nos das doenças infecciosas.
     Enquanto eu estiver em condições de me dedicar aos meus irmãos, proponho-me ajuda-los em suas reais necessidades, aliviando um pouco o seu sofrimento.
     São Roque, abençoai os médicos, fortalecei os enfermeiros e atendentes dos hospitais e defendei a todos da doenças e do perigos.
     Amém.

     Obaluaê/Omolú - O Senhor da Vida

     No dia 16 de Agosto, festeja-se Omulu/Obaluaê na Umbanda. O sincretismo com São Roque dá-se pela representação desse santo apresentar chagas em seu corpo, e por serem cultuados os Orixás Omulu e Obaluaê como as energias responsáveis tanto pelas doenças como por sua cura.

     O nome desses Orixás está relacionado ao "rei e dono da terra". Sua veste é representada em palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado à terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol.

     Energias Divinas cultuadas desde o Antigo Egito, os Orixás Omulu e Obaluaê sempre estiveram presentes nas diversas culturas, através da figura do “Anjo da Morte”, do “Ceifador de Vidas”. Na África, essas energias eram consideradas como os Senhores da Vida e da Morte, dependendo do culto seguido. Quando os negros africanos aqui chegaram, trouxeram em sua bagagem esse conhecimento adquirido ao longo dos tempos, legando a esses Orixás os domínios sobre a morte, as doenças e à medicina.

     É muito comum, no culto umbandista, os terreiros não fazerem diferenciação entre a energia dos Orixás Obaluaê e Omulu. No entanto, existem características distintas em cada uma dessas emanações do Criador. Provavelmente a confusão que existe em relação a essas duas Forças Cósmicas deriva do fato de que ambos os Orixás, Omulu e Obaluaê, regem as energias relacionadas à vida e morte dos espíritos encarnados.

     No aspecto relativo à morte, o Orixá Omulu é aquele que nos encaminha após nosso desencarne até o nosso local de destino, até que nos deparemos com o resultado de nossa última existência carnal. Seus falangeiros são os espíritos que atuam na hora da libertação da matéria. É por isso que a energia desse Orixá está presente em cemitérios, hospitais, necrotérios, etc.

     Já a energia que recebe o nome de Obaluaê, juntamente com a energia do Orixá Nanã, é encarregado de trazer o espírito à nova vida que irá ter na matéria. Obaluaiê é o Senhor das Passagens. Seus falangeiros respondem pela elaboração do projeto da nova encarnação do espírito, fazendo a redução do perispírito até o tamanho fetal, atuando na ligação do espírito ao corpo, após a fecundação, fixando-o ao útero materno para o desenvolvimento com vida e posterior nascimento.

     Obaluaê, assim como Omulu, traz a cura para as nossas doenças. É a energia de Obaluaê que possibilita a atuação dos médicos e profissionais de saúde para trazerem o alívio necessário às dores dos que sofrem.

Cores: branco e preto, suas contas são feitas intercalando essas duas cores.

Sincretismo: é identificado com São Lázaro e São Roque, sua comemoração se faz no dia 16 de agosto (Obaluaê) e 02 de novembro (Omulu).
Saudação: Atotô.
Dia da semana: segunda-feira.

Saravá Pai Obaluaê!
Atotô, Obaluaê!
Sarava Pai Omulu!
Atotô, meu Senhor!
Saravá a Umbanda!
Axé...


Fonte: Umbanda em movimento, Acervo pessoal

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